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Estranho no ninho
JASC
Publicado em 08/11/2022

 

 

Trazido por imigrantes alemães no início do século passado, o punhobol, criado na Itália em 1880, está entre os chamados esportes étnicos dos Jogos Abertos, junto com o bolão e a bocha, embora goze de bem menos popularidade. O maior número de equipes está concentrado no Vale do Itajaí e em alguns municípios do Norte do estado, mas o punhobol tem praticantes também em Florianópolis, cidade que, reforçada por atletas do Rio Grande do Sul, já chegou a ganhar um título em 2001, dois vice-campeonatos (1999 e 2002) e voltou a vencer em 2014 e 2015.

 

Os jogos são disputados por cinco atletas de cada lado, com uma  fita colorida de 4 a 6 centímetros como rede, utilização dos punhos e antebraços, ao invés das mãos, como no voleibol, e em quadras de grama de 50mx20m, geralmente adaptadas em campos de futebol. Por ter essa prática bastante diferenciada, restrita a algumas regiões, e talvez, também, por não ser esporte olímpico, sua inclusão na programação causa estranheza e até reações preconceituosas.

 

Outro motivo para o pouco interesse do público e chamar a atenção apenas dos seus praticantes, é o punhobol nos Jasc geralmente ser disputado em locais distantes do centro das competições, às vezes um pouco improvisados. É a queixa comum dos responsáveis pela coordenação e execução dos jogos. Em 1971 não foi diferente, com tempo reduzido na programação e disputa entre quatro equipes somente, Rio do Sul, Salete, Joinville e Blumenau. Este ano em vai ser diferente porque as disputas poderão ser vistas em local mais central e mais próximo do público, nas boas instalações do Colégio Dom Bosco.

 

O personal trainer, diretor técnico da Federação de Punhobol e ex-jogador, Roberto Maas, ficou mais tranquilo ao saber que a modalidade em Rio do Sul será disputada em local adequado e com mais estrutura. “Sabemos que nem sempre é fácil, precisamos dispor de um campo de futebol e a modalidade sofre um pouco com isso”, lamenta.

 

Roberto tem 60 anos e não joga mais. Hoje é professor de beach tênis em Florianópolis, mas não abandonou o interesse pelo punhobol, tanto que continua na Federação. Considera que houve muita renovação na modalidade, que estará nestes Jogos Abertos com 9 participantes. O favoritismo ainda aponta para São Bento, Blumenau, Joinville e Florianópolis. Pomerode também evoluiu muito, diz Roberto. “É uma das cidades que faz um bom trabalho, não há mais tanta contratação de atletas de fora, como acontecia no aproveitamento das janelas do regulamento”, explica.

 

Para garantir o número mínimo de equipes, os clubes de punhobol em algumas edições dos Jasc  distribuíram atletas por vários municípios, como acontece com o remo. Em 1998 São Bento cedeu jogadores para criar os times de Rio Negrinho e Campo Alegre, enquanto Blumenau ajudou na formação da representação de Pomerode.

 

O punhobol apareceu pela primeira vez nos Jasc de 1963, em Joinville, que se sagrou campeã. Na primeira década de Jogos Abertos, a modalidade só seria disputada novamente em 1965 e, mais tarde, em 1968 e 1969. Blumenau e Joinville fizeram as quatro finais e cada um ganhou duas vezes o título. 

 

Nos anos noventa a hegemonia foi de São Bento do Sul. Suas equipes disputaram todas as finais ganhando o ouro sete vezes (cinco delas consecutivamente). A equipe é um celeiro de atletas e já revelou nomes de peso como o levantador Dick e o batedor Bambam, ambos com passagens na seleção brasileira. Ano passado, em São José, São Bento do Sul foi ouro novamente, com Blumenau em segundo e a cidade-sede fechando o pódio.

 

Mário Medaglia/Especial

Foto: Mauricio Vieira

Com dados do livro “Jasc 50 anos, história de vencedores” de Marco Aurélio Gomes e Valmor Fritsche.

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